quinta-feira, 17 de abril de 2008

AS BBBESTEIRAS DA TV

No Brasil a exemplos dos demais paises industrializados, o governo e outras instituições têm investido muito nos meios de comunicação de massa e isso significa que, cada vez mais o seu papel cresce no panorama cultural brasileiro. Custuma-se dizer que o Brasil não é mais ( se é que algum já foi ) um país de palavras e sim um país de imagens. C om o índice de analfabetismo alarmante ( produto de um modelo econômico centralizador e injusto), nada mais compreensivel que o rádio e principalmente a televisão ocupem o status de principais veiculadores de cultura e informação.
Tudo que acontece de bom aparece na tv- este é o lema das emissoras. No ritmo alucinamte dos acontecimentos, os programas se sucedem: a novela das 7, para adolescente; o programa humorístico; o noticiário sensacionalista de menor audiência; o o programa infântil diário mostrando brincadeiras e desenhos animados, mas principalmente divulgando novas linhas de produtos infântis, etc. O que se vê é uma sucessão interminável de programas destinados a este ou àquele público.
A televisão dados os programas que veicula, é ou não é um instrumento alienante e conservador?
O rádio - principalmente os chamados programas populares, que misturam relatos de violência, conselhos, prêmios e música romântica, é alienador e estimula o conformismo? e as novelas que valores veiculam? que discussões propõem? funciona como uma arena de compreensão crítica, e discussão de elementos da realidade nacional, ou, ao contrário mantém-se pura e simplismente como um mecanismo de reprodução de relações sociais características de nosso modelo de sociedade capitalista?
Se tomarmos como exemplo as clássicas novelas das 8 da Rede Globo, veríamos dois pólos de personagens compostos da seguinte maneira : " o núcleo dos pobres" habitantes da zona Norte do Rio de Janeiro, e o " núcleo dos ricos", moradores da zona Sul, empresários de sucesso, famosos, e infelizes na maioria das vezes.
Nessa novela hipotética, certamente acontecerá um romance, às vezes dois, entre membros dos grupos antagônicos. Sempre o moço ou a moça rica se apaixona pela moça ou moço pobre e vice-versa, ( todos os personagens representados por atores nos padrões impostos de beleza ) e invariavelmente um membro da família se colocara contra o casamento, que acontecerá provavelmente no último capítulo.
Ás vezes acontece umas leves críticas sociais como: o custo de vida; a desonestidade; o chamado "jeitinho brasileiro" etc. Tudo sem comprometer a trama central da novela: a paixão difícil mais não impossível entre o moço rico e a moça pobre ou virse-versa.
Como compreenderíamos a recepção de uma novela como essa a um público na sua maioria pobre e marginalizado como o brasileiro? a indentificação estabelecida entre o público e a trama da novela serviria como uma "estrutura de consolação" , seria um "sonhar acordado", serviria como um processo compensatório dadas as condições de existência sacrificadas e alienantes dessa população. Nesse sentido por exemplo, a empregada doméstica ou a operária realizaria na novela ( no plano da ilusão ) seu sonho de se casar com o príncipe encantado ( que poderia ser o dono da manção onde ela trabalha ou da multinacional ).
Há tambem os "picos" de audiência nos capítulos finais, o finais felizes da novela seduzem mais do que a vida como ela é dos noticiários.
A televisão estaria veiculando nesse tipo de programa a ideologia de que a nossa sociedade é, afinal de contas, uma sociedade aberta, em que a mobilidade social é possível, mas não como resultado de luta, e sim por obra do acaso, do merecimento individual, ou no caso específico dessa novela hipotética, por obra exclusiva do amor entre o pobre e o rico ( que é muito improvável ).
O mundo vendido na TV é um mundo de sonhos sem conflito em que, o melhor xampu ou desodorante abre as portas para o sucesso - sempre individual. Se a gente fizer uma rápida análise do universso das propagandas, podemos capitar alguns elementos que sempre se repetem e acabam gerando uma série de modelos de comportamento social. As margarinas e outros comestíveis são, de maneira geral, anunciados por famílias sorridenttes, brancas de classe média ou alta reunidas numa mesa servida por uma mãe feliz e protetora. Produtos de limpeza sempre ou quase sempre anunciadas por donas de casa preocupadas com a saúde da família, a limpeza da casa e a beleza de suas próprias mãos. As propagandas de bebida sempre associam juventude, beleza, aventura e riqueza, e usando mulheres semi-nuas como se fosse meros objetos sexuais, apresentam uma imagem de vencedores que podem se dar ao luxo dos prazeres. Investimentos financeiros e bancários são sempre protagonizados por homens: elegantes, pais de família de classe média ou alta, expressando autoconfiança.
As imagens que estão contidas nesses anúncios também parecem ter o efeito de conformar a população a se satisfazer com imagens.
A televisão , vendendo imagens, idéias, valores e produtos, na maioria inacessíveis, atuaria como um novo " ópio do povo", como uma nova droga a aliená-lo da realidade a conformá-lo a ser um consumidor passivo das verdades e mentiras recebidas através de um simples eletrodoméstico, um aparelho de TV.

Um comentário:

Hellen Santiago disse...

Muito bom o seu texto. Parabéns!