terça-feira, 3 de junho de 2008

Ninguém mais falou do caso Dorothy!

Pouco antes de ser assassinada com 73 anos, Dorothy Stong declarou: “Não vou fugir e nem abandonar a luta desses agricultores que estão desprotegidos no meio da floresta. Eles têm o sagrado direito a viver melhor numa terra, onde possam viver e produzir com dignidade sem devastar!”
Religiosa norte-americana, naturalizada brasileira, pertencia às irmãs de Nossa Senhora de Namir, congregação religiosa fundada em 1804 por Santa Julie Biloarte (1751-1816) e François Blin de Boudon (1756-1858). Esta congregação reúne mais de duas mil mulheres que realizam trabalhos pastorais nos cinco continentes.
A Irmã Dorothy, participava da CPT (Comissão da Pastoral da terra) desde sua fundação e acompanhou com determinação e solidariedade a vida e luta dos trabalhadores do campo, sobretudo na região da transamazônica no Pará.
Dentre suas inúmeras iniciativas em favor dos mais empobrecidos, ela ajudou a fundar a primeira escola de formação de professores na rodovia transamazônica no Pará.
O grileiro Vitalmiro Bastos de Moura, identificado pelo suposto assassino com mandante do crime, foi absolvido em julgamento, alegando que não existe provas que o incrimine, enquanto que Rayfran Sales que trabalhava para o grileiro foi condenado por matar com seis tiros a Irmã Dorothy.
A luta dela por um desenvolvimento sustentável criou obstáculos para madeireiros e latifundiários, por isso ela recebia constantes ameaças de morte.
Segundo dados da CPT, foram assassinados 772 lutadores e lutadoras sociais do campo no Pará. Nos últimos dez anos foram registradas 459 ameaças de morte contra defensores da reforma agrária.
É hedionda a posição da justiça brasileira em não enxergar os verdadeiros problemas fundiários deste país, onde ativistas morrem e são presos por lutarem por seus direitos a terra, para morar, produzir e viver com dignidade.
No Brasil, como afirmava o filósofo Millôr Fernandes: “A justiça não só é cega, como sua balança é desregulada e sua espada sem fio”.

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